Preconceitos – Orson Peter Carrara

Um juízo preconcebido, normalmente manifestado na forma de atitude discriminatória perante pessoas, lugares ou tradições e hábitos considerados diferentes ou estranhos, é o que é o preconceito. Ele é resultado da ignorância ou desconhecimento das razões e fundamentos que levam alguém a agir dessa ou daquela forma. Também ocorre com grupos que agem numa determinada direção e não são devidamente compreendidos.

Já são conhecidas as formas mais comuns de preconceito: social, racial, sexual e religioso. Mas sua origem sempre é de uma generalização superficial, sem conhecimento de causa. É um prejulgamento, que pode ser qualificado de leviano, pois não devemos falar daquilo que não conhecemos devidamente. As realidades e circunstâncias, causas e razões são muito variadas e sua origem e realidade, dada a diversidade humana de crenças, tradições e bagagens próprias de cada um, individual e coletivamente considerados.

Que direito temos, por exemplo, em afirmar: “todos os alemães são prepotentes” ou “todos os ingleses são frios”, ou ainda “todos os políticos são corruptos”? Isto é uma generalização sem qualquer fundamento. Sempre que adentramos no terreno da agressividade ou da discriminação, mesmo que cultural, estamos na onda do preconceito, o que é um erro, não há dúvidas.

Há uma péssima tendência humana em denegrir o esforço alheio, em diminuir ou criticar o que outros fazem, caindo pelo tortuoso caminho da calúnia ou da maledicência. Isto contraria a dignidade humana, pois que não há nenhuma pessoa que não seja portadora de valores e experiências acumuladas. E isto vem sempre pela ignorância das razões que movem as iniciativas, as ações, os esforços alheios. Convenhamos: que direito temos de julgar, discriminar, denegrir ou desvalorizar alguém, suas crenças, esforços ou iniciativas?

Somos ainda seres muito precipitados no julgar, levianos e nos deixamos levar por tolas vaidades e muita prepotência, achando que somos os melhores e únicos capazes de algo fazer, esquecendo-nos do principal: o outro ser tem também suas razões, seu raciocínio, suas bagagens.

Dispensemos, pois, os preconceitos. Por trás de comportamentos, opções, crenças, iniciativas, esforços e lutas há toda uma história de bagagens e experiências acumuladas. Como dizia Chico Xavier, deixemos a cada um o direito de ser como quer, reservando-nos igualmente o mesmo direito.

A consciência individual é indevassável. Respeitemo-nos mutuamente em nossas escolhas, sem escândalos, acusações ou julgamentos. Estamos todos num gigantesco processo de aprendizado e isso nos situa em diferentes estágios de entendimento da dinâmica da vida. Podemos estar muito amadurecidos num determinado ponto e extremamente imaturos em outros, o que determina o sentido exato da compreensão e da tolerância uns para com os outros.

A compreensão e a tolerância – aliadas ao esforço de sermos melhores moralmente –,por sua vez, são itens importantes para todos os que nos consideramos cristãos, embalados pelo cântico suave e confortador do Evangelho de Jesus, que, em síntese, representa – nada mais, nada menos –, o respeito que nos devemos uns aos outros. Afinal, quem ama, respeita. E O Evangelho recomenda amar.

Por isso antes de julgar ou discriminar, usemos o crivo do amor que vacina contra o malefício do preconceito, essa bobagem que separa indivíduos e grupos por ignorância.

 

Orson Peter Carrara.

Nasceu em Mineiros do Tietê – SP no dia 10 de março de 1960. Filho de pais espíritas (Roberto Pasqual Carrara e Genoefa Altemari Carrara), desde cedo vinculou-se ao Centro Espírita “Francisco Xavier dos Santos”, onde participou das antigas Aulas de Espiritismo às Crianças, da Mocidade Espírita e chegou à Presidência da Instituição por várias gestões. Na época de infância e mocidade, recebeu grande influência, em sua formação doutrinária do tio Pedro Carrara, autêntico e valoroso espírita da cidade, além dos exemplos dos pais no trabalho espírita. Atualmente reside em Matão – SP com a família. É casado com Aparecida Neuza Marana Carrara. Os filhos Cíntia, Cássio e Alexandre (os dois últimos, gêmeos) completam-lhe a família. Expositor espírita, tem percorrido muitas cidades do Estado de São Paulo e já esteve nos Estados de Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, Rio Grande do Sull, Piauí, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Norte, Paraiba,  por várias vezes, para tarefas de divulgação espírita.Articulista da imprensa espírita, tem colaborado com diversos órgãos da imprensa espírita, entre revistas e jornais do país, além de boletins regionais, colunista da Rádio Alô. Tendo presidido por várias gestões a Use Regional Jaú, adquiriu grande experiência e enorme relacionamento com as Casas Espíritas da região, o que lhe valeu ampliar os contatos com dirigentes e instituições espíritas. Desse enorme relacionamento nasceu a idéia (hoje realidade concretizada) de organizar jornada de palestrantes, de diversos lugares do Brasil, que visitam variadas instituições, em programações específicas de divulgação espírita.Também mantém colunas em diversos jornais e sites não espíritas, com abordagens de estímulo ao crescimento do ser humano, onde normalmente faz indicações de filmes e livros, entre outras abordagens.