Manifestações de rua pelo Brasil – Orson Peter Carrara

A palavra cidadania significa a qualidade do cidadão. E o cidadão tem compromisso com a ordem, a disciplina e o bem estar da vida de sua família, de sua cidade, de seu país.

A Lei do Progresso é inevitável e provoca o amadurecimento da mentalidade, das instituições, de uma nação, na percepção das possibilidades e, claro, das dificuldades e carências que assolam a coletividade. Entre elas o disparate do ideal da democracia e a realidade encontrada na vivência diária, muitas vezes manchada pela corrupção e pelos despropósitos de quem deveria cuidar dos interesses coletivos: o governo, justamente eleito para essa finalidade, em todos os níveis.

Como cidadão que amadurece as próprias percepções, o questionamento e a cobrança são desdobramentos naturais de quem depositou confiança, por meio de voto, para a condução coletiva. Esse direito de cobrança, todavia, não concede o direito da baderna ou do vandalismo. Vandalismos e agressões ou violências de qualquer espécie são totalmente incompatíveis com a cidadania e os ideais da democracia.

As manifestações de rua correntes nos dias atuais do Brasil são o despertar da força coletiva, mas de forma alguma autorizam o uso da violência, das agressões, do vandalismo ou de qualquer manifestação que desrespeito o direito coletivo e o bem estar da coletividade.

É natural que surjam descontentamentos diante da triste realidade que vemos na corrupção, nos desvios de toda ordem, na manipulação popular ou no abandono da saúde e da educação e, porque não dizer, na violência que avança a passos largos.

Eis, pois, outro momento de difícil para o país: o descontentamento coletivo ao lado do tremendo desafio para as autoridades e a necessidade de mudanças nos cenários que violentam expressiva parte da população.

Há contrastes sem lógica: o povo reclama, mas paga um ingresso milionário para jogos da Copa de futebol em andamento. Que povo é este? Por que não abandonar os estádios ao vazio para educar também o governo e as instituições esportivas?

Por outro lado como investir tanto em estádios de futebol quando há tanta necessidade em hospitais, escolas e tudo mais que bem sabemos?

E o que pensar dos desafios da polícia em casos como estes que estamos vendo?

São os desafios do crescimento que só uma crise coloca à tona e faz despertar a consciência da população e das autoridades.

Afinal, quando aprenderemos a votar com consciência? O povo reclama, mas é autor, pelo voto, dos ocupantes dos diversos segmentos de nossas lideranças políticas.

Então, estamos num grande dilema nacional: aprender a votar, aprender a governar, respeitarmo-nos mutuamente e igualmente aprendermos a exigir daqueles em quem depositamos confiança pelo voto. E tudo isso sem violência, sem vandalismos, sem agressões.

Questão de consciência nacional, que precisamos resgatar.

Nossas leis precisam de reformas e ajustes. Por que demoramos tanto nisso? Essa indiferença ou omissão de governantes e governados e a lentidão nos verdadeiros interesses da nação, estão causando o aumento da violência e a corrupção, o abandono de escolas e hospitais. Então é mesmo hora de parar e repensar…

Talvez uma boa consulta à letra do Hino Nacional e à Constituição nos ajude a rever os próprios posicionamentos nacionais, a começar, é claro, por nossa própria postura pessoal de brasileiros. Afinal um país dessa extensão, com suas riquezas naturais e sua grandeza cultural, ao lado de tanta criatividade de seu povo, não pode ficar parado em torno de discussões vazias e sem sentido para a missão que traz em sua própria essência coletiva.

O governo tem o dever de governar e ao povo cabe o dever da cidadania. Procuremos o significado, no dicionário, da palavra DEVER e também da palavra CIDADANIA. Pensando bem nas definições, alcançaremos seus desdobramentos e sentiremos o que nos cabe neste momento nacional.

Seria, pois, o caso, de perguntar nesse processo histórico: onde está nossa gratidão à vida? onde está também nosso dever de cidadão? Ou, para concluir com forte impacto, para governantes e governados: onde está nosso dever de cristão, já que nos dizemos o país mais religioso do planeta? Corrupção, desordem, violência, desonestidades, vandalismos ou abusos de qualquer espécie não cabem num coração cristão. O sentimento de amor ao próximo deve ser nosso norte.

 

Orson Peter Carrara.

Nasceu em Mineiros do Tietê – SP no dia 10 de março de 1960. Filho de pais espíritas (Roberto Pasqual Carrara e Genoefa Altemari Carrara), desde cedo vinculou-se ao Centro Espírita “Francisco Xavier dos Santos”, onde participou das antigas Aulas de Espiritismo às Crianças, da Mocidade Espírita e chegou à Presidência da Instituição por várias gestões. Na época de infância e mocidade, recebeu grande influência, em sua formação doutrinária do tio Pedro Carrara, autêntico e valoroso espírita da cidade, além dos exemplos dos pais no trabalho espírita. Atualmente reside em Matão – SP com a família. É casado com Aparecida Neuza Marana Carrara. Os filhos Cíntia, Cássio e Alexandre (os dois últimos, gêmeos) completam-lhe a família. Expositor espírita, tem percorrido muitas cidades do Estado de São Paulo e já esteve nos Estados de Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, Rio Grande do Sull, Piauí, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Norte, Paraiba,  por várias vezes, para tarefas de divulgação espírita.Articulista da imprensa espírita, tem colaborado com diversos órgãos da imprensa espírita, entre revistas e jornais do país, além de boletins regionais, colunista da Rádio Alô. Tendo presidido por várias gestões a Use Regional Jaú, adquiriu grande experiência e enorme relacionamento com as Casas Espíritas da região, o que lhe valeu ampliar os contatos com dirigentes e instituições espíritas. Desse enorme relacionamento nasceu a idéia (hoje realidade concretizada) de organizar jornada de palestrantes, de diversos lugares do Brasil, que visitam variadas instituições, em programações específicas de divulgação espírita.Também mantém colunas em diversos jornais e sites não espíritas, com abordagens de estímulo ao crescimento do ser humano, onde normalmente faz indicações de filmes e livros, entre outras abordagens.