Conta-se uma história que certa feita Chico Xavier foi a uma cidade receber uma homenagem, e, como era seu costume, sempre ia por respeito, pois, humilde, sabia que esse tipo de congratulação não acrescentaria em nada na sua bagagem espiritual. Sentado à mesa que foi formada com autoridades, esperava tranquilamente o transcorrer daquela sessão. Enquanto aguardava, eis que não via ao seu lado nenhum de seus companheiros do outro plano que sempre o acompanhavam, quando, de repente, nota que Emmanuel entra pela porta do saguão. Chico fica aliviado, mas Emmanuel não vem até ele; se posiciona ao lado de uma senhora vestida de forma simples, ao contrário das outras pessoas ali presentes e oscula-lhe a face; logo depois quem adentra à sala de convenções é Dr. Bezerra e repete os atos de Emmanuel. Chico intrigado, desejoso de saber quem era aquela senhora, pergunta ao companheiro que está ao seu lado à mesa que lhe responde: “ Chico, aquela senhora é a zeladora, responsável por cuidar da limpeza deste salão .” Então Chico refletiu e compreendeu que sem o trabalho daquela simples senhora, nada do que estava ocorrendo naquela sessão teria acontecido.
Quantos de nós nos julgamos um tanto quanto mais “evoluídos” ou “bem-vistos” pelos Espíritos superiores porque temos algum cargo que julgamos mais representativo na casa espírita?
Quantos de nós nos achamos mensageiros da verdade, e acabamos nos perdendo nas teias da fascinação quando somos um palestrante muito procurado para explanar no movimento espírita? Quantas vezes nos achamos donos de obras espíritas porque outrora fomos usados como instrumento da espiritualidade para que a mesma fosse materializada e nos perdemos no caminho por achar que o mérito é todo nosso?
É necessário que através da reforma interior que é uns dos princípios básicos da Doutrina Espírita, passemos a nos conhecer verdadeiramente, para que não nos deixemos levar pelo “glamour” e pelo “endeusamento” dos menos esclarecidos. O Espírita verdadeiro em momento algum quer o mérito para si, pois ele sabe que se colabora em algo no movimento que resulte em bons frutos, o mérito é desta bela Doutrina. Chico Xavier foi um grande exemplo disso, atribuindo sempre os méritos do que realizava a Doutrina Espírita.
Jesus nosso Mestre nos alertou em duas das suas maravilhosas mensagens muito bem retratadas pelos Evangelistas:
Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai que está nos céus. Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente. Mateus 6:1-4.
E houve também entre eles contenda, sobre qual deles parecia ser o maior. E ele lhes disse: Os reis dos gentios dominam sobre eles, e os que têm autoridade sobre eles são chamados benfeitores. Mas não sereis vós assim; antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve. Pois qual é maior: quem está à mesa, ou quem serve? Porventura não é quem está à mesa? Eu, porém, entre vos sou como aquele que serve. Lucas 22:24-27.
Murilo Arruda de Souza, participa do movimento espírita da cidade de Matão-SP. Faz parte do grupo de trabalhadores da Comunidade Espírita Cairbar Schutel e do Centro Espírita O Clarim. Participou por muito tempo dos movimentos de jovens espíritas, em encontros, seminários e confraternizações, atuando inclusive como monitor.
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