A felicidade ao alcance de todos – Valentim Fernandes

A escritora Clarice Lispector (1920/1977) dizia: “As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos”.

A pergunta que fazemos é: A felicidade existe? Se existe eu sou feliz? Onde posso encontrar essa tal felicidade?  Evidente que o desejo de todos nós é este encontro. Para uns ele está na conquista dos bens materiais; na casa bonita, no carro importado, nas viagens internacionais, no status, na fama, enfim, somente nas coisas. Para outros está na compra da casa própria ainda que financiada, na saúde, na paz de espírito, na convivência pacífica entre os familiares, na possibilidade de ver um filho com um curso superior etc. Varia portanto, de pessoa para pessoa, de acordo com o seu grau evolutivo.

Considerando estas variantes, “O Livro dos Espíritos”, codificado por Allan Kardec, na questão 922, nos dá uma receita simples de felicidade quando nos diz que “a medida comum de felicidade para todos os homens é: para a vida material a posse do necessário e para a vida moral a consciência tranquila e a fé no futuro”.

Necessário é o que precisamos para uma sobrevivência digna, o que se analisado friamente falta para a maioria da sociedade. Ainda que no nosso país haja esforços no sentido de se melhorar as condições de vida, estamos distante do ideal. Isto nos coloca em constante busca do melhor, passando evidentemente pelo material, que temos também o direito, e pelo espiritual.

No entanto se buscarmos as “coisas” aproveitando as oportunidades, que aparecem em nossos caminhos, com dignidade e com respeito ao próximo estaremos naturalmente com a consciência tranquila. Se acrescentarmos a isso a certeza da vida futura atingiremos a felicidade possível de um mundo de provas e expiações como o nosso, e entenderemos que o homem só é infeliz pela importância que liga às “coisas” deste mundo. “Se o homem se elevar acima do círculo estreito da vida material, se elevar o seu pensamento ao infinito, que é o seu destino, as vicissitudes da humanidade lhes parecerão mesquinhas e infantis, como as mágoas de uma criança pela perda de um brinquedo que representava a sua felicidade suprema” (O Livro dos Espíritos, questão 933).

Todos nós fomos criados por Deus para a felicidade. Se as aflições e as dores, às vezes, surgem em nossos caminhos é porque com certeza não aproveitamos bem as oportunidades que nos foram dadas de conquistarmos a paz e a felicidade.  Ainda que tenhamos um filho problema, que fiquemos sem emprego, que uma doença surja no seio da família, dá para conservarmos a capacidade de sermos felizes!

Como dizia Helen Adams Keller, (1880/1968) escritora norte-americana, cega e surda em decorrência de uma doença manifestada aos 19 meses de idade: “Quando uma porta da felicidade se fecha, outra se abre, mas costumamos ficar olhando tanto tempo para a que se fechou que não vemos a que se abriu”.


Valentim Fernandes. Reside na cidade de Matão e é espírita desde 1989. É presidente do conselho deliberativo e diretor de doutrina do Centro Espírita Allan Kardec. Realiza palestras nas cidades da região sempre abordando temas do Evangelho.