Se soubessem, não o fariam – Orson Peter Carrara

A grande responsável pela onda de violência no estado de São Paulo, iniciada no final de outubro e que se estende pelos dias de novembro, é a ignorância plena de nossa verdadeira natureza.

Inicio a abordagem utilizando-me do lamentável fato das mortes, em número expressivo, nas madrugadas da capital e outras cidades de expressão do estado, mas o mesmo raciocínio pode ser aplicado aos que roubam, estupram, violentam, planejam sequestros e roubos, invadem residências e torturam pessoas, desviam verbas, corrompem. E cabe também aos que manipulam bastidores para obter vantagens, chantageiam, pressionam com abusos, torturam emocionalmente, aos que tripudiam sobre a liberdade alheia.

E não escapam os que se afundam na vaidade, na prepotência, na arrogância, julgando-se melhores ou mais importantes que os outros, desprezando e espezinhando pessoas, sob alegações variadas, no abuso de cargos, poderes, status ou posição.

Não há dúvida que há graus variados de atuação, mas todos gerando consequências no futuro. E não é castigo, é meramente consequência.

Sim, consequência dos desatinos que a consciência cobrará reparação.

Nunca é castigo. A vida não castiga, mas exige justiça, mais cedo ou mais tarde.

Todo mal que fizermos a nós mesmos ou ao próximo, teremos que reparar. Seja ele físico, patrimonial, emocional, moral ou por meio de tragédias que matam e destroem famílias inteiras.

É que há uma lei geral para a vida: o amor. E o desrespeito à lei gera consequências que devem ser reparadas.

Então, se soubessem os homicidas, os traficantes, os corruptos, os assaltantes ou marginais, que torturam, matam, corrompem, roubam, desviam dinheiro, verbas para interesse próprios, indiferentes aos desdobramentos de seus atos, se soubessem o que cavam para sim mesmo ou as lágrimas e aflições que os aguardam no futuro, não o fariam. E é preciso repetir: isso não é castigo, mas simplesmente consequência gerando cobrança da consciência que exige reparações do mal que geramos. E isto é sinal de aflição futura. É como o aluno relapso que precisa repetir o programa escolar até aprender.

Muitas vezes julgamos o homicida com rigor e esquecemos os crimes da calúnia, da corrupção, da tortura moral ou da chantagem emocional sobre pessoas, que igualmente são crimes que a consciência exigirá reparação um dia, por termos sido causa do sofrimento de alguém ou impedimento para a harmonia geral da sociedade.

Sejamos mais conscientes de nosso papel como seres racionais. A vida não é um brincadeira de “toma lá, dá cá”. Também não é um passeio turístico e está muito além das frágeis aparências que nos situamos. A vida é compromisso de aperfeiçoamento e progresso, com o dever de nos estendermos as mãos uns aos outros. Nossa omissão, indiferença ou agressão de qualquer espécie retornará ao nosso próprio caminho. Nada mais justo: como autores de consequências danosas para alguém, muito natural que colhamos os resultados. Melhor, pois, abrir os olhos com nossa liberdade.

E como iniciei a abordagem falando sobre a ignorância de nossa verdadeira natureza, melhor que saibamos que não somos o corpo, estamos nele. Iludidos pela versão materialista do ter, esquecemos de ser. E isso gera essa onda de violência em todos os níveis que presenciamos diariamente. Desde a falta de atenção e gentileza até as tragédias dos homicídios.

 

Orson Peter Carrara.

Nasceu em Mineiros do Tietê – SP no dia 10 de março de 1960. Filho de pais espíritas (Roberto Pasqual Carrara e Genoefa Altemari Carrara), desde cedo vinculou-se ao Centro Espírita “Francisco Xavier dos Santos”, onde participou das antigas Aulas de Espiritismo às Crianças, da Mocidade Espírita e chegou à Presidência da Instituição por várias gestões. Na época de infância e mocidade, recebeu grande influência, em sua formação doutrinária do tio Pedro Carrara, autêntico e valoroso espírita da cidade, além dos exemplos dos pais no trabalho espírita. Atualmente reside em Matão – SP com a família. É casado com Aparecida Neuza Marana Carrara. Os filhos Cíntia, Cássio e Alexandre (os dois últimos, gêmeos) completam-lhe a família. Expositor espírita, tem percorrido muitas cidades do Estado de São Paulo e já esteve nos Estados de Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, Rio Grande do Sull, Piauí, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Norte, Paraiba,  por várias vezes, para tarefas de divulgação espírita.Articulista da imprensa espírita, tem colaborado com diversos órgãos da imprensa espírita, entre revistas e jornais do país, além de boletins regionais, colunista da Rádio Alô. Tendo presidido por várias gestões a Use Regional Jaú, adquiriu grande experiência e enorme relacionamento com as Casas Espíritas da região, o que lhe valeu ampliar os contatos com dirigentes e instituições espíritas. Desse enorme relacionamento nasceu a idéia (hoje realidade concretizada) de organizar jornada de palestrantes, de diversos lugares do Brasil, que visitam variadas instituições, em programações específicas de divulgação espírita.Também mantém colunas em diversos jornais e sites não espíritas, com abordagens de estímulo ao crescimento do ser humano, onde normalmente faz indicações de filmes e livros, entre outras abordagens.