Mahatma Gandhi dizia com muita propriedade: A regra de ouro consiste em sermos amigos do mundo e em considerarmos como uma família toda a Humanidade. Quem faz distinção entre os fiéis da própria religião e os de outra, deseduca os membros da sua religião e abre caminho para o abandono, a irreligião.
Interessante pensar que o homem é um ser gregário por natureza. Em função disso, tem que necessariamente viver em sociedade e conviver com as mais diferentes situações. Dentre elas está a opção por uma religião, embora isso não seja a condição essencial para a evolução, visto que existem muitas pessoas que não pertencem a nenhuma e, no entanto, são portadoras de um sentimento de religiosidade maior do que muitos que vivem quase que diariamente dentro dos templos religiosos.
Embora muitos atribuam a Jesus a fundação desta ou daquela religião, sabemos, através da história, que Ele trouxe sim uma filosofia de vida, que nos impulsiona ao amor ao próximo, ao perdão das ofensas e a conquistas de valores que possam nos proporcionar a paz de espírito.
Muitos sem este entendimento, não conseguem conviver de uma forma fraterna com aqueles que não comungam dos seus mesmos princípios religiosos e criam sentimentos de animosidade desnecessários que só contribuem para o afastamento daqueles que veem a religião como fonte de união das criaturas. Em o Livro dos Espíritos, obra básica da Codificação Espírita, Allan Kardec, na questão 842, perguntou aos Espíritos Superiores:
– Considerando-se que todas as doutrinas tem a pretensão de ser a única expressão da verdade, por que sinais podemos reconhecer a que tem o direito de se apresentar como tal?
– “Será aquela que mais fizer homens de bem e menos hipócritas, isto é, homens que pratiquem a lei de amor e caridade na sua maior pureza e na sua mais ampla aplicação. Por este sinal reconhecereis que uma doutrina é boa, visto que toda doutrina que tiver por efeito semear a desunião e estabelecer linha de separação entre os filhos de Deus só pode ser falsa e perniciosa”.
Assim podemos concluir que não é esta ou aquela religião que torna ninguém melhor. O que faz o ser humano melhor é seu esforço em praticar boas ações, instruir-se para vencer suas más inclinações, adquirir sabedoria e fazer todo o bem possível ao seu próximo. O que o eleva é a prática da doutrina de Jesus, independente de opção religiosa. Todo aquele que compreende e vivencia em espírito e verdade os seus ensinamentos, entrará no Reino de Deus, ou seja, no mundo do entendimento da realidade.
Partindo deste princípio, é perfeitamente possível conviver de uma forma fraterna com todas as religiões, entendendo-se aqui as que têm como objetivo transformar os homens para o bem, não criando sentimentos de disputas e competições para ver quem é melhor. Para tanto, lembramos mais uma vez o admirável apóstolo da não violência, Gandy, quando diz:
“As religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importância faz se seguimos por caminhos diferentes, desde que alcancemos o mesmo objetivo?”
Valentim Fernandes. Reside na cidade de Matão e é espírita desde 1989. É presidente do conselho deliberativo e diretor de doutrina do Centro Espírita Allan Kardec. Realiza palestras nas cidades da região sempre abordando temas do Evangelho.
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