Os conflitos humanos são de várias origens. Surgem da insegurança, do medo, da timidez, mas também da aspereza, do comportamento rude, da agressividade das palavras e mesmo do desrespeito à ordem ou às leis, à autoridade, à pessoa humana, às instituições estabelecidas. Surgem também como efeito da calúnia e da maledicência, mas não há dúvidas que entre as principais causas estão a grosseria e a ganância, que geram violências decorrentes do egoísmo e da prepotência sem freios.
Conheço um caso de um funcionário que, tendo galgado um posto importante de comando numa grande empresa, tornou-se um tirano. Agindo com tortura para chantagear colegas, fazendo pressão desumana, separando casais de funcionários com transferências arbitrárias, gritando com qualquer pessoa que lhe estivesse à frente e simplesmente ignorando a condição humana dos demais funcionários, transformou-se num autêntico monstro de agressividade, como se uma fera fosse. Referido comportamento, suportado por anos, gerou-lhe uma onda de ódio das pessoas atingidas pela sua arbitrariedade. Lembro que a definição da palavra arbitrariedade é, entre outras, abuso de poder, capricho.
Esse capricho em torturar criou clima de antipatia agressiva, gerou ódio como dito acima a ele endereçado, o que lhe causou intenso sofrimento. Já não conseguia levantar os braços e uma terrível enfermidade passou a corroer-lhe os testículos. Procurou o médico, fez tratamentos, cirurgias e nada modificava o quadro. Licenciou-se do trabalho para tratamento, até que alguém lhe chamou a atenção de que o quadro doentio era conseqüência do comportamento truculento. Percebeu a causa, mudou de vida, tentou reparar os equívocos e recuperou-se. Mas foi um período longo de lutas e sofrimentos, para ele e para os atingidos por seus caprichos doentios. Felizmente tudo passou.
Pode não parecer, mas muitos desses comportamentos truculentos originam-se na infância. Ou se já existe a tendência trazida na bagagem, essa fica estimulada pelo exemplo e comportamento ou desatenção de pais e educadores. Quando os pais não corrigem as pequeninas tendências agressivas ou vivem satisfazendo as vontades e caprichos daqueles que iniciam o aprendizado da convivência, teremos no futuro adultos difíceis, agressivos, egoístas e geradores de intensos quadros de sofrimento e tortura na convivência social.
Corrigir desleixos, não permitir palavreado vulgar ou agressivo, exigir atenção e respeito com os mais velhos e com a ordem social, coibir vandalismos, disciplinar horários e arrumação da própria cama ou guarda de brinquedos ou roupas, não permitir abandono de meias, tênis, toalhas e roupas íntimas pela casa, entre outras questões, desde a pequena infância, formarão adultos responsáveis, dignos e mais fraternos, expulsando a violência de palavras e atos no comportamento.
Não nos damos conta, mas a violência que está no mundo surge da intimidade familiar, dos tiranos que são formados diariamente pela invigilância dos pais que vão permitindo exageros e condutas que bem poderia ser evitadas com a disciplina do diálogo e da educação.
Fácil? Não! Não mesmo! Os filhos trazem bagagens, nem sempre acessíveis aos pais. Não são estes os únicos responsáveis, mas a parcela de contribuição que podem oferecer para formar adultos seguros e responsáveis, dóceis e respeitadores, é imensa.
Notem os leitores um detalhe marcante: não nos damos conta, por exemplo, da importância de solidificar a fé no coração infantil. Deixamos as crianças entregues ao alheamento aos valores da fé, mantendo-as distantes do Evangelho. Na idade adulta, isso fará tremenda falta. Diante dos embates naturais da vida, sem os valores que confiam e agem, a tendência é usar a agressividade para se defender, pois não há bagagem construída para esse enfrentamento. Aí nos deparamos com os quadros que aí estão…
A grosseria é incompatível com o progresso e com a ordem, com a harmonia para a convivência. Dela resultam inúmeros conflitos que bem poderiam ser evitados. Tratemos de nos disciplinar, pois há olhares atentos que nos tomam como exemplo. Somos co-autores ou co-responsáveis pela violência que ainda impera no mundo, a começar na intimidade familiar.
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Orson Peter Carrara.
Nasceu em Mineiros do Tietê – SP no dia 10 de março de 1960. Filho de pais espíritas (Roberto Pasqual Carrara e Genoefa Altemari Carrara), desde cedo vinculou-se ao Centro Espírita “Francisco Xavier dos Santos”, onde participou das antigas Aulas de Espiritismo às Crianças, da Mocidade Espírita e chegou à Presidência da Instituição por várias gestões. Na época de infância e mocidade, recebeu grande influência, em sua formação doutrinária do tio Pedro Carrara, autêntico e valoroso espírita da cidade, além dos exemplos dos pais no trabalho espírita. Atualmente reside em Matão – SP com a família. É casado com Aparecida Neuza Marana Carrara. Os filhos Cíntia, Cássio e Alexandre (os dois últimos, gêmeos) completam-lhe a família. Expositor espírita, tem percorrido muitas cidades do Estado de São Paulo e já esteve nos Estados de Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, Rio Grande do Sull, Piauí, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Norte, Paraiba, por várias vezes, para tarefas de divulgação espírita.Articulista da imprensa espírita, tem colaborado com diversos órgãos da imprensa espírita, entre revistas e jornais do país, além de boletins regionais, colunista da Rádio Alô. Tendo presidido por várias gestões a Use Regional Jaú, adquiriu grande experiência e enorme relacionamento com as Casas Espíritas da região, o que lhe valeu ampliar os contatos com dirigentes e instituições espíritas. Desse enorme relacionamento nasceu a idéia (hoje realidade concretizada) de organizar jornada de palestrantes, de diversos lugares do Brasil, que visitam variadas instituições, em programações específicas de divulgação espírita.Também mantém colunas em diversos jornais e sites não espíritas, com abordagens de estímulo ao crescimento do ser humano, onde normalmente faz indicações de filmes e livros, entre outras abordagens.
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