Liberdade e Progresso – Orson Peter Carrara

A propósito das manifestações de rua, atualmente no Brasil, permito trazer ao leitor algumas considerações:

a) Vivemos um processo de guerra. Não de armas, mas de ideias, de justas discordâncias e questionamentos oportunos. Objetivo final é a liberdade e o progresso, não há dúvidas, em toda expansão que as duas palavras permitem e alcançam;

b) Se pensarmos bem, cada um de nós traz consigo uma tarefa comum: instruirmo-nos mutuamente, ajudar no progresso coletivo e melhorar nossas variadas instituições;

c) A liberdade é o direito de proceder conforme nos pareça adequado com a ressalva de que esse direito não vá contra o direito alheio; também é a condição humana necessária para cada um construir seu destino, individual ou coletivamente;

d) O progresso, por sua vez, é o desenvolvimento, o movimento progressivo da civilização ou a marcha e movimento para diante, ou ainda a caminhada para um estado de coisas cada vez mais de acordo com a justiça e a razão. Ele também pode ser classificado como a aplicação das leis que realizem a maior soma de ordem, bem-estar, liberdade e fraternidade; podemos até definí-lo ainda como a extensão da liberdade.

e) Para sermos verdadeiramente coerentes, no uso do inevitável progresso, é preciso nos libertarmos da escravidão da ignorância e das baixas paixões ou apetites vulgares, educando-nos moralmente com a aquisição de virtudes ou aprimorando-as.

Essas considerações nos fazem pensar na justiça e oportunidade dos protestos em andamento, face à corrupção a abusos morais de toda ordem num país de extensão continental, com um povo aberto e fraterno, solidário. O nível de amadurecimento da mentalidade humana já não aceita mais – e nem combina – a corrupção, a desonestidade, a omissão ou os desvios morais de toda ordem. Vivemos um novo tempo, de progresso e liberdade.

Afinal, desde que haja duas pessoas juntas, ambos têm direitos a respeitar e já não possuem liberdade absoluta. Por outro lado, sempre temos, individual ou coletivamente, o poder da escolha e somos sempre senhores da capacidade de ceder ou resistir às tentações de toda ordem e às paixões que desequilibram a individualidade ou a própria sociedade.

E há que se considerar que o dever – definido pelo dicionário como aquilo que precisa ser feito – convida-nos ao bem e ao progresso e esta atitude de agir e não permanecer na indiferença ou na omissão pode evitar o mal decorrente do não comprometimento com as boas causas – único objetivo da vida –, sobretudo aquele que poderia contribuir para um mal maior em prejuízos mais abrangentes para a coletividade.

O excesso do mal em andamento – em todos os sentidos, desde a corrupção, à violência ou omissão de governos e governados – faz compreender a necessidade do bem e das reformas nas leis, nos hábitos, nos costumes.

Vamos percebendo com clareza que os maiores obstáculos ao progresso e, por consequência, da liberdade humana, são o orgulho e o egoísmo. Note-se a definição de ambos para constatar essa afirmação: a) orgulho: manifestação de alto apreço ou conceito que alguém se tem; b) amor exclusivo a si mesmo e aos interesses próprios, em detrimento aos interesses alheios.

Já é tempo de despertar. O direito de questionar, de protestar é legítimo, justo. Mas ele não dá direito à violência, ao vandalismo, à agressividade. Tais comportamentos são absolutamente incompatíveis com a democracia e o novo tempo que desejamos construir.

Será de muita oportunidade ler novamente a letra do Hino Nacional, e cantá-lo, claro. A letra é inspiradíssima nesse ideal de paz e fraternidade que desejamos construir para o país. Inclusive destacando o respeito que devemo-nos uns aos outros. Estejamos nós como governados ou governantes. Não importa. Somos os mesmos seres humanos, necessitados todos da consciência de agir com bondade e justiça.

Tais considerações, de precisão cirúrgica para o atual momento do Brasil, estão baseadas em O Livro dos Espíritos, especialmente nos capítulos Lei de Liberdade e Lei do Progresso e também em Léon Denis. Impressionante a precisão, clareza e atualidade das questões desses dois importantes capítulos da obra básica. Fizemos pequena adaptação das respostas dos espíritos para compor a presente abordagem, mas a fonte das ideias lá está, clara e disponível para todos.

 

Orson Peter Carrara.

Nasceu em Mineiros do Tietê – SP no dia 10 de março de 1960. Filho de pais espíritas (Roberto Pasqual Carrara e Genoefa Altemari Carrara), desde cedo vinculou-se ao Centro Espírita “Francisco Xavier dos Santos”, onde participou das antigas Aulas de Espiritismo às Crianças, da Mocidade Espírita e chegou à Presidência da Instituição por várias gestões. Na época de infância e mocidade, recebeu grande influência, em sua formação doutrinária do tio Pedro Carrara, autêntico e valoroso espírita da cidade, além dos exemplos dos pais no trabalho espírita. Atualmente reside em Matão – SP com a família. É casado com Aparecida Neuza Marana Carrara. Os filhos Cíntia, Cássio e Alexandre (os dois últimos, gêmeos) completam-lhe a família. Expositor espírita, tem percorrido muitas cidades do Estado de São Paulo e já esteve nos Estados de Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, Rio Grande do Sull, Piauí, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Norte, Paraiba,  por várias vezes, para tarefas de divulgação espírita.Articulista da imprensa espírita, tem colaborado com diversos órgãos da imprensa espírita, entre revistas e jornais do país, além de boletins regionais, colunista da Rádio Alô. Tendo presidido por várias gestões a Use Regional Jaú, adquiriu grande experiência e enorme relacionamento com as Casas Espíritas da região, o que lhe valeu ampliar os contatos com dirigentes e instituições espíritas. Desse enorme relacionamento nasceu a idéia (hoje realidade concretizada) de organizar jornada de palestrantes, de diversos lugares do Brasil, que visitam variadas instituições, em programações específicas de divulgação espírita.Também mantém colunas em diversos jornais e sites não espíritas, com abordagens de estímulo ao crescimento do ser humano, onde normalmente faz indicações de filmes e livros, entre outras abordagens.