Muita gente pergunta – Orson Peter Carrara

É comum a interrogação sobre notícias do além. Alguns com ironia, outros com saudade, outros crédulos e mesmo incrédulos, muitos por curiosidade e alguns com vivo e salutar questionamento sobre tais possibilidades.

O assunto é grave porque sempre há os charlatães de plantão e a ocorrência infeliz dos pseudo-médiuns, ingênuos ou declarados, explorando a credulidade popular, causando decepções, instigando uma falsa imagem da realidade das manifestações mediúnicas e pior: prestando um desserviço à causa humanitária do esclarecimento e da harmonia social.

A imortalidade da alma é palpável, real. Atingidos pela chamada “perda” de um ente querido – no fenômeno biológico da morte –, é natural que aquele que ficou e permanece saudoso ou aflito por notícias, queira ter informações daquele que partiu, especialmente nas ocorrências inesperadas e muitas vezes trágicas dos acidentes e enfermidades fulminantes. E surge a inevitável pergunta: posso ter notícias de fulano ou fulana?

A ausência de conhecimento sobre a questão leva, muitas vezes, à procura de pessoas despreparadas, ingênuas, mal-intencionadas ou aos conhecidos exploradores da fé, com desdobramentos lamentáveis.

Afinal, quem já partiu pela morte pode dar notícias? Sim, pode! Mas é necessário levar em conta vários fatores. Não é tão simples quanto parece.

Valho-me de preciosa orientação da inesquecível médium Yvonne do Amaral Pereira (sugiro ao leitor pesquisar a rica biografia) que informou: “(…) Temos que levar em consideração o que os espíritos nos ensinam. A maioria dos desencarnados tem um período de perturbação no mundo espiritual, que pode durar semanas, meses… ou anos. Cada retorno para o Além tem suas características próprias. (…) Infelizmente, na busca ansiosa em que se encontram, poderão deparar-se com médiuns que se prestem a atendê-lo, dando-lhes mensagens escritas por eles mesmos, nem tanto por serem mistificadores ou interesseiros, mas por quererem minorar a dor sentida pelos irmãos. Desculpem-me a franqueza, mas tais mensagens, por não serem autênticas, não conseguirão consolá-los devidamente. (…)”.

Yvonne se dirige a amigos diante do pedido de sofrida mãe cujo filho havia partido num lamentável acidente. E acrescenta mais adiante, perante as dúvidas e comentários que surgiram: “(…) Preocupo-me com aquilo que eu disse, alertando o casal que saiu daqui, agora há pouco. Vão aparecer pseudomédiuns, tantos nos centros espíritas, como fora deles. Estou antevendo uma fase de muitas mistificações, principalmente por gente ignorante e inescrupulosa, a se aproveitar de pessoas fragilizadas. Vocês sabem que é difícil obter uma comunicação psicografada de um espírito que não adquiriu ainda a lucidez necessária. (…)”.

A advertência da incomparável Yvonne, em sua postura firme e humilde, é caminho a ser guardado para se evitar decepções dispensáveis nas pseudomensagens atribuídas aos espíritos, que surgem mesmo até como desrespeito ao sofrimento de alguém. Não temos o direito de forjar, iludir, enganar, para satisfazer vaidades ou projetar-se. Toda criatura merece respeito e os centros espíritas e médiuns devem levar em consideração a prudência que recomenda o Espiritismo diante também das notícias do além, onde igualmente estão os que iludem e buscam tirar proveito de criaturas fragilizadas. O valioso trecho, parcial, foi extraído do extraordinário livro Yvonne – a médium iluminada (capítulo 17 – O Amor que consola), de Gerson Sestini, com edição do CELD, e que poderá ser encontrado em nossas distribuidoras. Gerson conviveu com Yvonne por muitos anos e sua obra apresenta momentos peculiares dessa convivência, com casos, exemplos, advertências, experiências e lutas da conhecida e incomparável médium, que deixou valioso acervo de conhecimentos em suas valiosas obras.

Entre os fatores que dificultam uma comunicação do além estão: a) preparo e condições do comunicante; b) preparo e condições do médium; c) local e ambientes adequados; d) necessidade e utilidade da comunicação; e) mérito dos envolvidos, entre outros.

Não é tão simples quanto parece e é preciso prudência e cuidado com os aproveitadores. E melhor ainda é aguardar a notícia espontânea, que surge inesperada. Estudemos o assunto para evitar decepções e mais auxiliar as pessoas atingidas pela dor da separação. O tema não pode nem deve ser tratado com negligência e sem conhecimento! Ele merece respeito.

 

Orson Peter Carrara.

Nasceu em Mineiros do Tietê – SP no dia 10 de março de 1960. Filho de pais espíritas (Roberto Pasqual Carrara e Genoefa Altemari Carrara), desde cedo vinculou-se ao Centro Espírita “Francisco Xavier dos Santos”, onde participou das antigas Aulas de Espiritismo às Crianças, da Mocidade Espírita e chegou à Presidência da Instituição por várias gestões. Na época de infância e mocidade, recebeu grande influência, em sua formação doutrinária do tio Pedro Carrara, autêntico e valoroso espírita da cidade, além dos exemplos dos pais no trabalho espírita. Atualmente reside em Matão – SP com a família. É casado com Aparecida Neuza Marana Carrara. Os filhos Cíntia, Cássio e Alexandre (os dois últimos, gêmeos) completam-lhe a família. Expositor espírita, tem percorrido muitas cidades do Estado de São Paulo e já esteve nos Estados de Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, Rio Grande do Sull, Piauí, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Norte, Paraiba,  por várias vezes, para tarefas de divulgação espírita.Articulista da imprensa espírita, tem colaborado com diversos órgãos da imprensa espírita, entre revistas e jornais do país, além de boletins regionais, colunista da Rádio Alô. Tendo presidido por várias gestões a Use Regional Jaú, adquiriu grande experiência e enorme relacionamento com as Casas Espíritas da região, o que lhe valeu ampliar os contatos com dirigentes e instituições espíritas. Desse enorme relacionamento nasceu a idéia (hoje realidade concretizada) de organizar jornada de palestrantes, de diversos lugares do Brasil, que visitam variadas instituições, em programações específicas de divulgação espírita.Também mantém colunas em diversos jornais e sites não espíritas, com abordagens de estímulo ao crescimento do ser humano, onde normalmente faz indicações de filmes e livros, entre outras abordagens.