Considerado um dos melhores filmes de 2003, Uma casa na bruma ou House of Sand and Fog, na versão original, é uma bela produção do cinema e mostra claramente até onde nossa dureza de coração pode levar.
Orgulho, falta de flexibilidade e dureza de coração podem ser tão perniciosos quanto um crime. No drama vivido pelos atores Jennifer Connely, Frances Fisher e Ben Kingsley, encontramos a seguinte sinopse: Ben Kingsley é Massoud Amir Behrani, um imigrante iraniano que depois de casar a sua filha, decide aplicar o resto das suas finanças na aquisição de uma casa na Califórnia. A casa de Massoud decide comprar pertence a Kathy Nicolo (Jennifer Connely) e representa quase tudo para si, já que herdada do esforço do pai. A casa é posta à venda graças a um erro burocrático e a proprietária não o consegue impedir, um erro que originará um confronto entre as duas partes e que os levará até às últimas consequências.
Na sequencia da trama os fatos se transformam gradativamente em tragédia na vida de cada personagem, em lances de suspense e surpresas, mas todos marcados pelo comportamento arredio, de teimosia, de orgulho e especialmente originados da dureza de coração. Muitos fatos ali vividos poderiam ser evitados não fossem a presença da ganância e do exacerbado orgulho e que resultaram numa tragédia de largas proporções para todos os personagens, como notará o leitor que buscar o filme na locadora e o ver em casa ou mesmo buscá-lo na internet. Um belo filme! Faz pensar sobre nossas posturas arraigadas, apegadas, egoístas e especialmente rudes. Para que?
Tudo poderia ser diferente não fosse o comportamento turrão. O mais interessante de tudo, sem querer contar o filme, é que o detonador de toda a situação – o marido que abandonou a esposa e a levou ao esquema de vida destroçado – não aparece uma única vez, é apenas citado.
E muitas vezes é assim também na vida real. Um gesto, um comportamento, uma decisão tem desdobramentos que não podemos imaginar.
Esse “jogo de cintura”, essa flexibilidade nos relacionamentos é muito salutar para a paz social, para o entendimento, mesmo nas mais complexas questões. O chamado bater o pé, a teimosia declarada, a rebeldia que agride, o “não dar o braço a torcer”, o “não voltar atrás” podem ter desdobramentos lamentáveis que nos trará intenso arrependimento depois.
Ceder em muitos casos pode ser a mais sábia das decisões. Não é o ceder por ceder, mas é o ceder refletido, verificando a imaturidade do outro e pensando nas consequências de um comportamento turrão. Saber esperar, esforçar-se por compreender o outro lado, pensar dez vezes antes de agir, não precipitar-se, pode parecer covardia aos olhos dos outros, mas pode significar expressivo investimento para a própria paz de espírito, para a consciência tranquila no futuro. Basta pensar que um segundo de raiva e não controle das emoções em desequilíbrio pode custar décadas de sofrimento e angústias.
Melhor, pois, sermos mais acessíveis, mais flexíveis.
Veja o filme, leitor. Você vai gostar e como eu, vai pensar duas vezes…
Afinal, a teimosia ou a pretensão de sempre ter razão pode desdobrar-se em muitas aflições que tranquilamente poderiam ser evitadas. Convenhamos que nem sempre temos razão. A humildade nos pede esse olhar para nós mesmos para verificarmos até que ponto nosso arraigado ponto de vista não é motivo de sofrimento para outras pessoas.
Orson Peter Carrara.
Nasceu em Mineiros do Tietê – SP no dia 10 de março de 1960. Filho de pais espíritas (Roberto Pasqual Carrara e Genoefa Altemari Carrara), desde cedo vinculou-se ao Centro Espírita “Francisco Xavier dos Santos”, onde participou das antigas Aulas de Espiritismo às Crianças, da Mocidade Espírita e chegou à Presidência da Instituição por várias gestões. Na época de infância e mocidade, recebeu grande influência, em sua formação doutrinária do tio Pedro Carrara, autêntico e valoroso espírita da cidade, além dos exemplos dos pais no trabalho espírita. Atualmente reside em Matão – SP com a família. É casado com Aparecida Neuza Marana Carrara. Os filhos Cíntia, Cássio e Alexandre (os dois últimos, gêmeos) completam-lhe a família. Expositor espírita, tem percorrido muitas cidades do Estado de São Paulo e já esteve nos Estados de Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, Rio Grande do Sull, Piauí, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Norte, Paraiba, por várias vezes, para tarefas de divulgação espírita.Articulista da imprensa espírita, tem colaborado com diversos órgãos da imprensa espírita, entre revistas e jornais do país, além de boletins regionais, colunista da Rádio Alô. Tendo presidido por várias gestões a Use Regional Jaú, adquiriu grande experiência e enorme relacionamento com as Casas Espíritas da região, o que lhe valeu ampliar os contatos com dirigentes e instituições espíritas. Desse enorme relacionamento nasceu a idéia (hoje realidade concretizada) de organizar jornada de palestrantes, de diversos lugares do Brasil, que visitam variadas instituições, em programações específicas de divulgação espírita.Também mantém colunas em diversos jornais e sites não espíritas, com abordagens de estímulo ao crescimento do ser humano, onde normalmente faz indicações de filmes e livros, entre outras abordagens.
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