A psicanalista Maria Rita Kehl, em seu livro Ressentimento: clínica psicanalítica, edição da Casa do Psicólogo, analisando a temática do ressentimento, com muita propriedade informa que o ressentido é um vingativo não declarado. Em seu valioso texto, encontramos, à página 91 que “O ressentido é um escravo de sua impossibilidade de esquecer. Vive em função de sua vingança adiada, de modo que em sua vida não é possível abrir lugar para o novo”.
Interessante pensar no vingativo não declarado ou na expressão vingança adiada. Isso lembra a significação do termo em dicionário. Suas definições indicam: lembrança magoada de ofensa recebida, ofender-se, tornar a sentir, ressentir com mágoa. A grande questão está mesmo na mágoa guardada. Esta gera doenças, provoca tensões, desequilibra a mente e o corpo.
Esse guardar da mágoa, que aguarda oportunidade de vomitar sentimentos lesados leva a pensar na importância do perdão. Sim, o velho perdão! É que quem perdoa liberta-se, tira quilos de tensões dos ombros, solta-se, readquire o equilíbrio.
Imaginemos, contudo, o que se passa com quem se sente ofendido. A sensação de lesão interior, de humilhação recebida, de desconsideração, na verdade um sentimento de sentir-se menor, desconsiderado, humilhado. Mas isso pode ser vencido. Basta pensar que ninguém é maior do que ninguém, nem menor. Somos todos iguais, na origem e na destinação, todos capazes de superar adversidades e igualmente usar a incrível potencialidade humana presente em todos nós.
Pergunto, pois, por que entregar-se ao medo, às angústias, à sensação de abandono ou desprezo diante das adversidades? Por que permitir-se tristezas prolongadas, abatimentos que levam à depressão ou desânimos, se a vida conspira a nosso favor?
A vida é muito valiosa para ser desprezada, desrespeitada. Como permitir-se perder tempo com supostas ofensas recebidas (e digo supostas porque na verdade, a ofensa é do ofendido, não do ofensor = este não sabe o que faz e vive um drama interior para ofender) e com o acumular de mágoas e ressentimentos?
A vida é muito valiosa, conspira a nosso favor, para ficarmos focados em opiniões desequilibradas, de momentos infelizes, quando há tanto o que fazer, a crescer em moral e intelecto. Ergamos, pois, a cabeça, e esqueçamos agressões. Prossigamos trabalhando, confiando, fazendo o melhor ao nosso alcance e estaremos inalcançáveis das agressões. Se superarmos as bobagens da vaidade, das pretensões, e especialmente a tendência de sentir-se “coitadinho” ou dependentes de aprovações.
Magoar-se ou ficar ressentido é valorizar o desequilíbrio alheio. Melhor prosseguir adiante, esquecendo essas bobagens que causam doenças e desequilibram a mente, muitas vezes desviando-nos de objetivos essências para a própria felicidade.
Orson Peter Carrara.
Nasceu em Mineiros do Tietê – SP no dia 10 de março de 1960. Filho de pais espíritas (Roberto Pasqual Carrara e Genoefa Altemari Carrara), desde cedo vinculou-se ao Centro Espírita “Francisco Xavier dos Santos”, onde participou das antigas Aulas de Espiritismo às Crianças, da Mocidade Espírita e chegou à Presidência da Instituição por várias gestões. Na época de infância e mocidade, recebeu grande influência, em sua formação doutrinária do tio Pedro Carrara, autêntico e valoroso espírita da cidade, além dos exemplos dos pais no trabalho espírita. Atualmente reside em Matão – SP com a família. É casado com Aparecida Neuza Marana Carrara. Os filhos Cíntia, Cássio e Alexandre (os dois últimos, gêmeos) completam-lhe a família. Expositor espírita, tem percorrido muitas cidades do Estado de São Paulo e já esteve nos Estados de Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, Rio Grande do Sull, Piauí, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Norte, Paraiba, por várias vezes, para tarefas de divulgação espírita.Articulista da imprensa espírita, tem colaborado com diversos órgãos da imprensa espírita, entre revistas e jornais do país, além de boletins regionais, colunista da Rádio Alô. Tendo presidido por várias gestões a Use Regional Jaú, adquiriu grande experiência e enorme relacionamento com as Casas Espíritas da região, o que lhe valeu ampliar os contatos com dirigentes e instituições espíritas. Desse enorme relacionamento nasceu a idéia (hoje realidade concretizada) de organizar jornada de palestrantes, de diversos lugares do Brasil, que visitam variadas instituições, em programações específicas de divulgação espírita.Também mantém colunas em diversos jornais e sites não espíritas, com abordagens de estímulo ao crescimento do ser humano, onde normalmente faz indicações de filmes e livros, entre outras abordagens.
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